Benfica está cansado: 12 jogos em 55 dias

 



Dá um jogo a cada 4,6 dias nos últimos dois meses, em média. Presença no Mundial de Clubes (último jogo a 28 de junho) e presença na Supertaça (31 de julho) não explicam tudo. Tem a palavra... José Mourinho


O Benfica não está bem fisicamente. Sofre golos perto do minuto 90 e, com eles, perde pontos, dinheiro e confiança. Entre 31 de julho (vitória na Supertaça Cândido de Oliveira) e 27 de agosto (segunda mão do play-off da Liga dos Campeões com o Fenerbahçe), o Benfica, embora nunca encantando os adeptos, cumpriu os mínimos obrigatórios: um troféu, acesso à fase de liga da Champions e 9 pontos em 3 jogos da Liga interna.


Porém, quando se entrou em setembro, tudo mudou: 1-1 com o Santa Clara, com o golo do empate sofrido ao minuto 90’+2; derrota por 2-3 com o Qarabag, com o último golo sofrido aos 86’. Saiu Bruno Lage e entrou Mourinho: vitória confortável, mas apenas isso, frente ao Aves SAD (3-0) na estreia do treinador.


Depois desse triunfo, pensariam os benfiquistas que a receção ao Rio Ave seria para aclamar o treinador regressado e também a equipa. Não foi. Mourinho, porém, não é mágico. É muito bom treinador, mas não tem varinha de condão nem pozinhos de perlimpimpim. E surgiu o que se supunha impensável: 1-1 com o Rio Ave, em casa, com o golo do empate sofrido aos 90’+1.


O Benfica está mal fisicamente. Dahl está mal, Barrenechea está mal, Ríos está mal, Aursnes está mal, Sudakov joga a média intensidade, Otamendi, António Silva e Pavlidis vão disfarçando e só Dedic e Ivanovic parecem estar mais ou menos bem.


Qual o contributo do Mundial de Clubes, do escasso tempo de férias e do regresso madrugador à competição? Não há qualquer métrica que responda a essa pergunta. Vejamos os últimos jogos em 2024/2025 dos titulares frente ao Rio Ave:


Ríos: 5 de julho, Palmeiras-Chelsea.

Trubin, António Silva, Otamendi, Dahl, Aursnes e Pavlidis: 28 de junho, Benfica-Chelsea.

Ivanovic: 25 de maio, St. Gilloise-Gent.

Sudakov: 18 de maio, Ingulets-Shakhtar Donetsk.

Dedic: 17 de maio, Marselha-Rennes.


A equipa técnica do Benfica terá dados que poderão ser úteis a José Mourinho para avaliar quais os jogadores que estão bem, quais os que estão mais ou menos bem e quais os que estão mesmo mal. Mas quando o treinador coloca o mesmo onze em dois jogos seguidos, separados por apenas três dias, parece mais ou menos claro que sente os jogadores bem ou que a profundidade do plantel não tem a qualidade que se tem vindo a apregoar e, por isso, prefere manter os mesmos. Exemplo: Obrador não saiu do banco e Dahl não está bem.


A presença no Mundial de Clubes, por outro lado, não foi um problema exclusivo do Benfica. Nove equipas europeias estiveram presentes nos oitavos de final: Benfica, Chelsea, PSG, Bayern, Real Madrid, Dortmund, Man. City, Inter e Juventus. Os encarnados, fruto de terem sido segundos na Liga 2024/2025, tiveram de se sujeitar a quatro jogos de acesso à fase de grupos da Champions. Algo a que nenhuma das outras equipas presentes nos 1/16 de final do Mundial se teve de sujeitar.


Além disso, o primeiro jogo oficial do Benfica em 2025/2026 foi logo a 31 de julho, na Supertaça Cândido de Oliveira: 1-0 ao Sporting. Já as Supertaças de Inglaterra (10 de agosto), França (ainda sem data), Alemanha (janeiro de 2026), Espanha (janeiro de 2026) e Itália (dezembro de 2025) aconteceram (ou vão acontecer) bem mais tarde.


O Benfica é, assim, entre os presentes nos 1/8 de final do Mundial de Clubes, a equipa europeia com mais jogos neste arranque de época: 12. Seguem-se, bem à distância, Chelsea, PSG, Bayern e Real Madrid, com 7. Com menos 450 minutos nas pernas.


Resumindo: Mourinho tem muito trabalho pela frente. Em vez de estar apenas três dias seguidos no Seixal, terá de passar mais tempo para detetar e corrigir o que está mal nos seus jogadores.

Enviar um comentário

0 Comentários