Diretor técnico de arbitragem da FPF analisou alguns lances de arbitragem, incluindo o pisão a Borja Sainz frente ao Nacional e o vermelho a Paulo Victor no Benfica-Santa Clara
Na quinta jornada da Liga, o FC Porto venceu em casa o Nacional, por 1-0, graças ao golo de Samu, de grande penalidade, conquistada por Borja Sainz e apenas assinalada pelo VAR. Esse momento foi um dos muitos lances analisados no programa Juízo Final da Sport TV por Duarte Gomes, ex-árbitro e Diretor Técnico Nacional de arbitragem.
Inicialmente, Luís Godinho não considerou grande penalidade, até porque não viu bem o lance e estava mais atento à zona da bola, mas Bruno Esteves (VAR) chamou o árbitro principal ao ecrã e ambos decidiram que houve, de facto, falta de João Aurélio na grande área.
«Daqui VAR, recomendo que venhas à zona de revisão para um penálti. Ok, vou mostrar um pisão no calcanhar, completamente com a perna aberta, fora da jogada. De uma forma negligente, na minha opinião», disse Bruno Esteves, o VAR.
«Pisão? Ok, penálti. Negligente, ok, pisou de forma negligente. Ok», respondeu Luís Godinho, o árbitro principal. De seguida, Duarte Gomes explicou que a palavra negligente foi dita para o árbitro mostrar o cartão amarelo e que o lance não era suficiente para vermelho. «Não é vermelho, não há intensidade, há negligência», começou por explicar.
«Quando acontece este lance, Godinho tem dois jogadores a cruzarem-se à sua frente, nem tem a perceção. Pisões são os lances mais difíceis a analisar em campo. O foco é no centro da área, no Samu, na bola, não se apercebe do toque», disse Duarte Gomes. «Impacto evidente no jogador e estas são as infrações que querem que haja punição. Bruno Esteves esteve muito bem, curto, sintético, rápido e com clareza. Jogo recomeçou muito rápido», afirmou.
Expulsão de Paulo Victor por entrada sobre Tomás Araújo
Outro lance em que Duarte Gomes elogiou a intervenção do VAR foi no Benfica-Santa Clara (1-1), em que Paulo Victor viu o cartão vermelho direto por uma entrada muito dura sobre Tomás Araújo, que até ficou a sangrar da cabeça. Num primeiro momento, tal como no outro lance, João Pinheiro, desta vez bem colocado, deixou seguir, mas Ricardo Moreira (VAR) considerou que houve motivo para expulsão e chamou o colega ao ecrã.
«Daqui VAR, João aconselho-te ir para a revisão para mostrar cartão vermelho. Ok, João, portanto vou mostrar-te que o jogador tem a perna esticada e atinge com os pitons a zona da cara e peito», disse Moreira e Pinheiro respondeu. «Ok, ok, tranquilo. Eu vou ver. Ele põe em perigo a integridade física do adversário. Mete aí, se faz favor, outra vez», pediu.
Duarte Gomes concordou com a decisão final, negando a possibilidade de ser apenas para cartão amarelo, por não ser intencional. «Eu entendo as pessoas que não querem vermelho, porque o jogador não teve a malícia de magoar o adversário. O problema é que tem de se ter cuidados e o jogador não teve essa preocupação. Entra com a sola da bota, começa na cabeça, passa pela orelha, passa pelo peito e acaba na coxa. Preocupo-me mais com a vítima do que o infrator», explicou.
«É cartão vermelho nestes lances. Aconteceu com o Inácio no Sporting e noutros jogos. Assim que João Pinheiro se aproxima de Tomás Araújo vê o sangue e a consequência. Quando é chamado ao VAR já tem o chip completamente mudado para o vermelho. Decisão correta», acrescentou.
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