Mourinho precisa de um truque e Sudakov não é suficiente

 




Técnico elogiou o plantel do Benfica mas já aponta fraquezas; a dupla Enzo-Ríos tarda em convencer numa babilónia que precisa de tempo para fundir culturas


Dois ucranianos, dois argentinos, um bósnio, um português, um sueco, um colombiano, um norueguês, um croata e um grego. Nove nacionalidades num onze do Benfica só poderão resultar em pleno quando houver tempo para colar peças e fundir culturas. Um tempo que José Mourinho não tem e dificilmente terá para criar, a curto prazo, aquilo que ele gosta de reunir à sua volta: uma identidade.


Este é um custo que o experiente técnico terá ponderado e aceitado na hora de dizer sim ao convite de Rui Costa, mas não deixa de ser paradigmático que mais uma vez o treinador do Benfica tenta adaptar-se a um plantel não escolhido por ele: Bruno Lage pegou nas opções de Roger Schmidt e agora Mourinho tenta fazer o mesmo com o legado deixado pelo conterrâneo. É andar de remendo em remendo, mas com a diferença de acenar com milhões em vez de andar com um saco de caramelos, como diria Toni em tempos de vacas magras.


Só o tempo dirá quão intensas serão as dores de cabeça do novo líder do banco dos encarnados, mas não terá sido por acaso que Mourinho apontou ontem a falta de agressividade e capacidade no jogo aéreo da sua equipa, entre outras características que certamente irá descobrir ou tentar corrigir. É um tremendo desafio para quem tanto elogiou estes jogadores, ainda que já se sabe que nem sempre as suas palavras devam ser interpretadas de forma literal, principalmente quando proferidas em contexto de adversário – como quando estava, ainda, no Fenerbahçe, nas vésperas de defrontar os portugueses no play-off da Champions.


Por exemplo, todos nos recordamos do modo como considerou superior o meio-campo do Benfica composto por Enzo Barrenechea e Richard Ríos em comparação com os médios da formação turca, mas salta à vista que esta dupla tarda em justificar um investimento tão elevado: não se complementa, é demasiado permissiva tem pouca chegada à área.


No caso do internacional colombiano o problema assume uma dimensão superlativa: foram 27 milhões de euros que vão pesando cada vez mais nos seus ombros. Os sinais de ansiedade são evidentes no médio contratado ao Palmeiras e o tribunal da Luz já dá mostras de ter pouca paciência, como se viu na reação à perda de um golo de baliza aberta após um cruzamento de Lukebakio. Poderia dizer-se que este é o risco de apostar num box to box que joga num campeonato onde os jogos se partem mais que na Europa, mas o problema não estará tanto no contexto de origem, antes no perfil que parece, para já, desalinhado com uma ideia geral de jogo, o que leva a discussão para outro patamar: há evidentes falhas na relação preço/rendimento dos reforços do Benfica, situação que não é de agora e já por diversas vezes identificada no passado.


Em todos os clubes por onde passou, o efeito Mourinho faz-se sempre sentir, com impactos de maior ou menor duração. No Benfica isso foi percetível logo nos primeiros dias no plano da comunicação, mas os resultados e exibições não diferem assim tanto do que acontecia com Lage. Num ambiente pesado como aquele que se vive no clube por causa das eleições de 25 de outubro só os mais ingénuos podem achar que o melhor treinador português de todos os tempos pode escapar pelos .




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