Treinador do Benfica analisou, em conferência de imprensa, a vitória frente aio Gil Vicente, jogo da 7.ª jornada da Liga
— Este Benfica já morde muito, em termos de sacrifício e entrega?
— Para morder muito precisas de frescura, a equipa está cansada, jogar com dois de intervalo [...] e as boas equipas que não jogam as competições europeias e têm uma semana para se preparar, quando são boas equipas, que é o caso do Gil; quando têm um bom treinador, que é o caso do Gil; podem jogar olhos nos olhos com as equipas grandes quando elas estão em dificuldade. E nós estamos em dificuldade. Felizmente, agora entramos num ciclo de três dias em vez de dois e podemos limpar o bocadinho a fadiga. Sem morder muito, foram resilientes, foram aos seus limites, lutaram à Benfica pelo resultado, no espírito e resiliência, mas depois não se jogou à Benfica, não se pensou à Benfica, faltou-nos qualidade individual e depois a nível coletivo, mas neste momento o mais importante eram mesmo os três pontos, e conseguimos contra uma equipa muito boa.
— Surpreende-o o que o César Peixoto está a fazer?
— [...] A coisa curiosa com ele é que estive na operação dele ao ligamento cruzado e depois de ver um joelho completamente aberto, comecei a ser mais equilibrado na pressão que fazia aos jogadores para recuperar... Perguntei-lhe se gostava disto, ele disse que inclusive mais do que quando jogava. É isso que um treinador precisa para andar em frente. A equipa não me surpreendeu porque a analisei e gostei muito do que vi desde o início do campeonato, bons jogadores, não têm medo de olhar para cima e podem. E é como dizia: jogadores frescos, contra jogadores mortos, faz uma diferença significativa. Cada vez que eles recuperavam bola, via-se que tinham andamento diferente. Diria que o Ríos foi muito importante para nós no meio-campo, foi o que conseguiu equilibrar um bocadinho nas transições. Os nossos jogadores de ataque, principalmente os dois alas, não tinham... um por questão mais de caráter que outra coisa, outro por questão física, não tinham 90 minutos... E depois entramos naquela fase do jogo em que era importante equilibrar, ser humilde, no sentido de não sofrer golos porque os pontos são importantes, e nos últimos 10 minutos gerimos o jogo até acabar.
— Lukebakio jogou mais do que incialmente deixou a entender que podia...
— Estava 2-1 e sem grandes soluções no banco para a mesma posição. O Ivanovic não consegue jogar na direita, tentei colocá-lo ali para dar um bocadinho de intensidade, mas depois ele vem para zonas interiores, perde muitas bolas sob pressão e tentei ir com o Lukebakio mais um bocadinho. Queres segurar o 2-1, mas ao mesmo tempo queres ter alguém no campo que possa atacar, ser perigoso, e por isso deixei-o um bocadinho mais. Agora há três dias para recuperar e para ele vai ser importante. Coloquei-o de início porque o objetivo era começar bem, ter em campo gente para dar início de jogo forte. O lance do penálti é um movimento que penso que só ele nesta equipa é que faz, um movimento profundo, depois o controle de bola é ótimo. Quiz fazê-lo jogar de início para começar bem, alas puros não temos em abundância e quis começar com os dois [Schjelderup e Lukebakio] para dar mais intensidade, de largura.
— Temos um Mourinho pragmático?
— Para mim, pragmatismo é mais controle, levar o jogo para onde nós queremos. E foi o Gil Vicente que levou o jogo para onde queria, não nós. Foi o Gil Vicente que nos obrigou, naqueles últimos 10 minutos, a jogar de maneira que não queríamos. Pragmatismo é importante em alguns momentos, mas não chega, sobretudo em clubes como este.
— Cumprimentou um apanha-bolas no primeiro golo do Benfica, a que se deveu?
— São miúdos que vivem o clube, são miúdos que estão ali a sofrer e ao mesmo tempo a sonhar. Lembro o caso mais bonito que conheço, Pep Guardiola, que era apanha-bolas no Barcelona e depois foi grande jogador e treinador. Estes miúdos têm os seus sonhos e para eles é bonito que os jogadores ou treinadores tenham estes momentos.
— Assume que não foi equipa grande neste jogo? Que cirurgia precisa o Benfica para os próximos jogos? E sente que está dependente de um jogador sem gasolina para 90 quilómetros [Lukebakio]?
— Não há tempo para grandes cirurgias, no máximo um bocadinho de botox para mudar a forma. Esta equipa é muito jovem, mas neste momento precisa de energia. Aursnes é pau para toda a obra, sempre com concentração altíssima, e nos dois últimos jogos teve dificuldades. A equipa precisa de descansar, aumentar os níveis de confiança, e de nos conhecermos melhor. Depois, e não levem para o lado errado, não há dois treinadores iguais, e quando o treinador que chega não gosta de alguns princípios e quer mudar, não pode ser de repente. E essas são as contradições em que os jogadores precisam um bocadinho de tempo. Trabalhar, pensar, jogar de maneira diferente. Precisamos de um pouco de tempo e tem de ser a pouco e pouco. Não fiz a pré-época com eles, nem o Bruno [Lage] fez. É uma equipa muito jovem, e no banco o Barreiro, com 25 anos, era o avozinho e depois só miúdos de 19, 20 e 21 anos. Em momentos críticos quer colocar gente com experiência, que já passou por muitos momentos destes, e entra o Rego... E não entrou o Moreira [Gonçalo, em estreia no banco, médio-ofensivo de 19 anos], pelo qual tenho um fraquinho, do pouco que vi esta semana; tinha-o no banco para o caso da situação estar dramática ou fantástica, não foi a hora dele.
— Que significa Trubin, na Luz, ser um dos melhores em campo?
— Vimos jogo diferente. Faz dupla defesa fantástica no primeiro minuto. Leva golo de livre a 16 metros, que devia ter sido falta contra o Gil Vicente, teve duas bolas no poste, de raspão, e depois cruzamentos, bolas longas, sair, não vi nada de especial no jogo do Trubin, honestamente.
— Como vão ser as emoções de voltar a Stamford Bridge?
— Vou ver o meu filho, que está em Londres, é a melhor coisa. E se possível trazer os pontos que perdemos contra o Qarabag. Mas o Chelsea é clube fantástico, perdeu também o primeiro jogo e também precisam dos pontos. Estou feliz por voltar.
— Como vê a ausência de Cole Palmer por lesão?
— Fico feliz. O meu Chelsea era uma máquina vencedora, grande investimento, mas muita ambição. Depois parece que perderam um pouco a direção e foi duro para quem ama o clube. Enzo Maresca [treinador do Chelsea] chegou, o puzle está a ser completado peça a peça, ganharam a Liga Conferência. Agora penso que têm uma boa, boa equipa, e se Cole Palmer não é um problema para o Chelsea. Se Sudakov ou Pavlidis não jogar, sim é um grande problema para mim.
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