Médio internacional croata do Milan, após 13 épocas no Real Madrid, entra hoje, 9 de setembro, no clube dos quarentões, onde já está, por exemplo, Cristiano Ronaldo. Ciência e profissionalismo redefinem limites
Luka Modric celebra hoje o 40.º aniversário ainda com estatuto de craque, agora ao serviço do Milan (vínculo de um ano com opção por outro), clube que representa em temporada de estreia após 13 a deslumbrar com as cores do Real Madrid. O médio internacional croata (188 jogos/28 golos) é mais um exemplo de persistência num desporto marcado pela exigência física, tanto pela evolução tática do próprio futebol, nomeadamente na importância que ganhou a pressão sem bola sobre o adversário, como pela sobrecarga dos calendários.
A capacidade de permanecer no topo mesmo na ternura dos 40 convida a refletir sobre o impacto de uma variedade de ciências multidisciplinares, mas também enfatiza o profissionalismo e a mentalidade dos atletas no prolongar outrora inimaginável das carreiras.
Quem não se lembra do que era o estigma dos 30 anos? Logo se sentenciava que era o princípio do fim. Hoje, esse limite parece ter sido empurrado para a frente e Modric prova o novo sinal dos tempos. Aqui chegados, é obrigatório referir, sem hesitar, o nome de Cristiano Ronaldo, quarentão desde 5 de fevereiro. Os dois golos nas redes da Arménia, no sábado, no começo da qualificação para o Mundial-2026, acentuaram o registo de ter faturado mais depois dos 30 do que antes.
Ao longo da história recente, Gianluigi Buffon, Edwin van der Sar, Pepe, Paolo Maldini, Javier Zanetti, Ryan Giggs, Francesco Totti, Rivaldo, Zlatan Ibrahimovic ou Romário só penduraram as chuteiras após os 40. A uni-los a quase todos a disciplina com a preparação física, aliada ao avanço das metodologias de treino, nutrição e recuperação. Os clubes recorrem a dados científicos e tecnologia de ponta, procuram reduzir os riscos de lesão e maximizar o rendimento dos decanos. A longevidade — Thiago Silva, Dante, Óscar Cardozo, Roque Santa Cruz, todos acima dos 40, ainda estão aí para as curvas, recorde-se — já não é um acaso, antes resultado de planeamento e dedicação.
O impacto destes veteranos — Kazuyoshi Miura, japonês que passou pela Oliveirense de janeiro de 2023 a junho de 2024, está, aos 58 anos, no Atlético Suzuka e é o mais velho em atividade — extravasa as quatro linhas. A presença deles enquanto líderes naturais de balneário transmite (bons) valores às novas gerações. Que Rafael Leão, 26 anos, saiba aproveitar a convivência nos rossoneri com Modric, que se insere nessa linhagem que impressiona pelos títulos, sim, mas igualmente pela forma como redefine os limites do corpo humano na alta competição.

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