Tanzânia bloqueia acesso ao X após ataques cibernéticos a contas governamentais

 As autoridades da Tanzânia bloquearam o acesso à plataforma de mídia social X (anteriormente conhecida como Twitter) após uma série de ataques cibernéticos que tiveram como alvo contas oficiais do governo, disseminando conteúdo falso e explícito. A medida ocorre em meio à crescente tensão política no país, em antecipação às próximas eleições gerais, marcadas para outubro.


A repressão começou depois que a conta oficial da polícia tanzaniana foi supostamente comprometida na noite de terça-feira. Hackers usaram a conta para postar imagens pornográficas e publicar anúncios falsos, incluindo uma alegação chocante e falsa de que a presidente Samia Suluhu Hassan havia morrido. As postagens ofensivas foram rapidamente removidas, e as autoridades iniciaram uma investigação para identificar os responsáveis ​​pelos ataques cibernéticos.


"Estamos buscando ativamente os responsáveis ​​pela disseminação de informações falsas", afirmou a polícia em um comunicado oficial. Outra conta vinculada ao governo — pertencente à empresa de telecomunicações Airtel Tanzânia — também teria sido hackeada no mesmo período.


ARQUIVO - A página inicial de X é exibida em um computador e um telefone, em 16 de outubro de 2023, em Sydney.




Em um esforço para minimizar a preocupação pública, o porta-voz do governo, Gerson Msigwa, descreveu os ataques cibernéticos como "um incidente menor" e garantiu aos cidadãos que a infraestrutura digital da Tanzânia permanece segura. "Garanto que a Tanzânia está segura e encontraremos os responsáveis", afirmou, pedindo à população que mantenha a calma e evite o pânico.


Apesar dessas garantias, o acesso ao X foi restringido em todo o país na quarta-feira, com a plataforma permanecendo inacessível para usuários que não estivessem conectados por meio de uma rede virtual privada (VPN). O uso de VPNs sem a aprovação do governo é ilegal na Tanzânia e pode levar a multas ou prisão, limitando efetivamente o acesso à plataforma para muitos cidadãos.


O X tem servido há muito tempo como um canal vital para comentários políticos e discursos sociais na Tanzânia, especialmente entre líderes da oposição, intelectuais, jornalistas e ativistas. A decisão de bloquear a plataforma gerou preocupações entre defensores da liberdade de expressão e grupos de direitos humanos, que a veem como parte de uma tendência mais ampla de censura digital sob o governo do presidente Hassan.


Desde que assumiu o cargo, Hassan — que busca a reeleição ainda este ano — tem enfrentado críticas por aumentar a pressão sobre as vozes da oposição e restringir as liberdades online. Seu governo tem sido acusado de usar mecanismos legais e a aplicação da lei para silenciar opiniões dissidentes, especialmente agora que o país se aproxima de um período eleitoral crucial.


Essas tensões se agravaram ainda mais no início desta semana, quando a proeminente líder da oposição queniana Martha Karua e sua delegação foram impedidas de entrar na Tanzânia. Karua planejava comparecer a uma audiência judicial em apoio ao líder da oposição tanzaniana Tundu Lissu, que enfrenta acusações de traição — um crime que pode levar à pena de morte se for considerado culpado.


Em resposta, o presidente Hassan declarou na terça-feira que "nenhum estrangeiro poderá perturbar a paz da Tanzânia", sinalizando uma postura firme contra a interferência externa percebida em assuntos internos.


Enquanto as autoridades continuam investigando os ataques cibernéticos e mantêm restrições às plataformas digitais, os críticos argumentam que o incidente está sendo usado para justificar maior repressão à oposição política e à dissidência online antes das eleições.

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