Javi García foi adjunto do treinador alemão e recorda uma temporada 2022/23 «incrível» e na qual a Luz pensou, inclusivamente, na final da Liga dos Campeões
— Regressa ao Benfica para trabalhar com Roger Schmidt, em 2022/23, como treinador adjunto. Como surgiu a oportunidade e como foi trabalhar com o treinador alemão?
— Já o conhecia, joguei contra ele. Eu estava na Rússia, no Zenit, e jogámos contra o Leverkusen, que era treinado por ele, na Champions League. E não vou esquecer esse jogo, na Alemanha. Nunca tinha jogado contra uma equipa que jogasse com aquele ritmo. Com bola e sem bola, era impossível dominar a bola. Juro. A minha sensação, no meio-campo, de ter sempre alguém colado a mim… Falei com ele sobre isso e ele também se lembrava do jogo. Foi experiência muito boa voltar ao Benfica. Naquela altura não estava nos meus planos, não achava possível voltar ao Benfica, como jogador era claro que não iria ter essa oportunidade. E quando tive a hipótese de voltar, foi uma felicidade enorme.
— Já admirava então o trabalho dele.
— Sim, a partir daquele dia fiquei com o nome dele na cabeça. E trabalhar com ele foi muito bom. Adorei. Como pessoa é extraordinário, como treinador também. E fez uma época incrível. Ver os adeptos desfrutarem, como desfrutavam, do Benfica é algo que qualquer adepto de futebol gosta de ver. Um estádio inteiro, 60 mil pessoas a adorar o futebol da sua equipa. Gostei imenso. Depois, sabemos como é o trabalho dos treinadores, passam de uma época a outra, de uma coisa a outra. É a vida. É a profissão que escolhemos. E acabou como acabou. Mas gostei muito de trabalhar com ele.
— Foi Roger Schmidt que promoveu o seu regresso ao Benfica ou foi o Benfica que pensou em Javi García para trabalhar com o Roger Schmidt?
— Acho que foi o Benfica, conhecia-me melhor do que o Roger Schmidt. O futebol português, o clube... Seguramente. Mas Roger Schmidt tinha também de aceitar. Falámos e tudo correu bem.
— Era o adjunto responsável pelas bolas paradas. Fale-nos desse trabalho.
— Sim, eu era o responsável pelas bolas paradas, defensivas e ofensivas. Éramos uma equipa, tudo passava por todos e eu era o responsável. Gostei, adorei. Observava as equipas contrárias, como defendiam, como atacavam. E, a partir daí, criava a ideia de como é podia criar perigo.
— Quando um lance saía bem era satisfatório.
— Era satisfatório, mas quando saía mal também sofria muito. Mas gostei muito.
— O Benfica, em 2022/23, chega aos quartos de final da Champions e encontra o Inter, sabendo que se passasse iria defrontar Milan ou Nápoles. Sentiram que a final era possível?
— Sim, sem dúvida. Com o futebol que estávamos a jogar… e os jogadores estavam num nível espetacular. Poderia ser uma realidade. Ao mesmo tempo, sabíamos a equipa que o Inter era. Pode não jogar o futebol mais bonito, mas os jogadores são competitivos, é muito importante. Fizeram o que sabem fazer e, no final, conseguiram. Mas sentimos havia forte possibilidade de chegar à meia-final. Foi pena, são coisas que ficam cá dentro toda a vida. Há quem jogue toda a vida em equipas espetaculares, há quem treine equipas espetaculares, e nunca chegue lá.
— PSG e Inter estão na final da UEFA Champions League.
— Estou a puxar pelo Paris Saint-Germain. Pelo futebol que estão a jogar, o treinador é espanhol. E gosto muito de Luis Enrique. Às vezes tem um trato especial com os jornalistas, é um pouquinho especial nesse aspeto, não concordo com essa parte, mas gosto da personalidade dele. Quando jogava, gostava muito de vê-lo. Como treinador, está a mostrar. E todos vimos o documentário dele, quando falava da possível saída de Mbappé, dizendo que iriam ser a melhor equipa sem ele. Mostra o seguro que está do seu trabalho, o bom treinador que é. E estar na final também mostra.